top of page

O ÚLTIMO VOO DA TARTARUGA_

2012

A tartaruga é centenária, mas está na meia-idade. É normal para uma tartaruga gigante. Está tudo bem, exames à próstata e tudo. Está bem e inspirada. A outra, a fêmea, disponível. É jovem e tem os ovários sãos. Certificados pela equipa veterinária. Passa o dia a ruminar, porque agora desde que se tornou numa cobaia da ciência, já não tem que procurar alimento. A corte começa com os habituais gestos e afirmações de potência e virilidade. Mas é um processo demorado e burocrático. Um lento e complexo ritual. Cada detalhe conta: a firmeza do pescoço, a espuma branca que jorra dos cantos da boca a cada resfolegada, a dança pesada dos cascos patudos... de repente toca o telemóvel do tratador. É uma mensagem. Tem um familiar no hospital, não interessa quem... ok, a mulher está aumentar os peitos, satisfeito? Ele, sim. A tartaruga distrai-se com a comunicação. Desinteressa-se da fêmea que volta à ruminação. A espécie está condenada desta vez. Talvez amanhã haja mais porque os ovários dela são coisa de muita precisão.

FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA

Texto Francisco Campos

Interpretação Francisco Campos, Catarina Caetano

Espaço Cénico Nuno Borda de Água

Desenho Luz Nuno Patinho

Apoio à criação Sara Graça

Design Gráfico Miguel Rocha

Produção Sandra Coelho

Co-produção Projecto Ruínas | O Espaço do Tempo

Apoios Câmara Municipal de Montemor-o-Novo | Direção Regional de Cultura do Alentejo | Fundação Eugénio de Almeida | Oficinas do Convento

1.jpeg

︎︎︎→ Miguel Rocha

image-003.jpg
Tartaruga44ensaios.JPG
Tartaruga1.JPG
image-002.jpg
image-004.jpg
bottom of page